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quinta-feira, 20 de abril de 2017

Alex Lifeson e o Phase Shifter (PHASER/ SETUP)

Alex Lifeson 

e o 

Phase Shifter

Alex Lifeson 
Aleksandar Zivojinovic, mais conhecido como Alex Lifeson, guitarrista da banda canadense Rush, é comumente citado como um dos mais famosos adeptos do efeito de chorus no mundo do rock, ao lado de músicos como Andy Summers (The Police) e Johnny Marr (The Smiths). Porém, o que muitos ignoram é que Lifeson possui uma trajetória marcante com o próprio Rush que antecede o lançamento comercial deste efeito.

Antes de mergulhar no universo do chorus, Alex Lifeson era um usuário assíduo de outro efeito de modulação: o phase shifter ou, simplesmente, phaser. Vários clássicos do início da carreira do Rush apresentam um proeminente efeito de phasing. Cortesia de um antigo - e há muito descontinuado - Phase Shifter, da Maestro.


O Phase Shifter de Oberheim

Projetado por Tom Oberheim, o PS-1 Phase Shifter é um phaser de 06 estágios que, diferentemente de outros modelos de phaser, não foi criado com o objetivo de simular o efeito de flanging de fita, mas sim o som rotativo de uma caixa Leslie. Ele conta com um recurso atípico em se tratando de phasers: a mudança de velocidade do efeito - que pode ser alterada pelo acionamento de qualquer um dos 03 switches coloridos que ativam os diferentes tipos de "phasing effects" - se dá de maneira gradativa (ramp up - "acelerando" - ou ramp down - "desacelerando"), de forma similar ao que ocorre numa Leslie.

Oberheim e algumas de suas criações, 
incluindo o Phase Shifter (segundo da esquerda para a direita).

Introduzido em 1971, pela empresa norte-americana Maestro - que anteriormente já havia lançado diversos outros efeitos clássicos, como o delay de fita Echoplex (c.1959), o FZ-1 Fuzz-Tone (1962), o multiefeitos G1 Rhythm 'N Sound For Guitar (c.1968) e o RM-1A Ring Modulator (1970), este último também projetado por Oberheim - , o PS-1 Phase Shifter tornou-se um enorme sucesso de vendas. O modelo não é exatamente um pedal, mas uma unidade de mesa, não apresentando em seu chassi um footswitch para o acionamento do efeito.

PS-1A Phase Shifter com a guitarra

Porém, a unidade conta com um pedal controlador externo opcional (PSFS-1 ou PSFS-2 Phase Shifter Footswitch), com 03 footswitches, que permite alternar entre os 03 tipos de "phasing effects", com diferentes velocidades ("slow phase", "medium phase" e "fast phase") de modulação.

PSFS-1 Phase Shifter Footswitch

O Phase Shifter foi comercializado em 03 versões diferentes: PS-1, PS-1A (a mais comum) e PS-1B, respectivamente. Sendo que o PS-1B  possui um knob adicional para o ajuste fino de velocidade da modulação ("variable speed"), localizado próximo ao switch "power on/off".

PS-1B Phase Shifter com um sintetizador

O Phase Shifter, da Maestro, foi um dos primeiros modelos de phaser a ser disponibilizado, ao lado da unidade de rack PS101 Instant Phaser, da Eventide Clockworks e da unidade autônoma Countryman Phase Shifter Type 967. Logo em seguida, chegariam ao mercado phasers em formatos mais compactos, como o pedal MXR Phase 90 e, um pouco mais tarde, o Electro-Harmonix Small Stone.

Clones do Phase Shifter também foram lançados com os nomes de Shin-ei RM-29 Resly Machine, Pax Phase Shifter e Rands RM-29 Resly Machine.


De Rush (1974) a All the World's a Stage (1976)

O efeito de phasing gerado pelo PS-1 Phase Shifter aparece com destaque nos 05 primeiros álbuns do Rush: Rush (1974),  Fly by Night (1975), Caress of Steel (1975), 2112 (1976) e no álbum duplo ao vivo All the World's a Stage (1976). Nessa fase da carreira da banda, os efeitos usados por Lifeson eram, basicamente, um pedal de volume da Morley; um pedal de wah Cry Baby "vintage"; o Phase Shifter, da Maestro; e um delay de fita Echoplex, também da Maestro. O efeitos de saturação eram provenientes, em geral, de cabeçotes Marshall Model 1987 - Lead 50w ("JMP era"), com 01 gabinete 4x12", e, excepcionalmente, de um Fuzz Face.

Alex Lifeson utilizou o phaser em diferentes contextos dentro dos arranjos. Ora em levadas rítmicas com som "limpo", ora com acordes arpejados ou combinando o efeito de modulação com o drive do amp para bases e, mais raramente, em solos. Confira nas músicas abaixo:

Rush (1974): álbum de estréia da banda. Podemos ouvir o efeito nas faixas (3) "Take a Friend" - durante o solo -, (4) "Here and Again", (6) "In the Mood e (7) "Before and After".

Rush

- Fly by Night
(1975): destaque para as faixas (1) Anthem, (4) By-Tor and Snow Dog, (5) Fly by Night e (8) In the End.

Fly by Night

- Caress of Steel (1975): em (3) "Lakeside Park" (ouça no vídeo abaixo) e também nas faixas (4) "The Necromancer" e (5) "The Fountain of Lamneth" - nesta especialmente em sua terceira parte, "No One at the Bridge".

"Lakeside Park" (Caress of Steel)

- 2112 (1976): nas faixas (1) "2112" (que ocupa todo o lado A do LP original) e (6) "Something for Nothing".

2112

Ouça as versões ao vivo de várias das faixas citadas acima no álbum duplo All the World's a Stage (1976):

All the World's a Stage

A Farewell to Phase Shifter

A partir do álbum A Farewell to Kings (1977), Lifeson "aposentaria" seu Maestro Phase Shifter substituindo pelos efeitos de chorus - obtido com um amplificador Roland JC-120 Jazz Chorus ou, mais frequentemente, com um pedal Boss CE-1 Chorus Ensemble -,

Boss CE-1 Chorus Ensemble

flanger - um Electric Mistress, da Electro-Harmonix. Ambos tornariam-se os efeitos de modulação preferidos de Lifeson na fase de maior sucesso comercial da banda e permaneceriam desde então fortemente associados ao seu estilo e à sonoridade particular do guitarrista. 

Electro-Harmonix Electric Mistress

O efeito de phasing reapareceria apenas esporadicamente nos álbuns seguintes do Rush. E ainda mais raro seria o uso do modelo vintage da Maestro, um "clássico" usado também por vários outros grandes músicos, como John Paul Jones (Led Zeppelin), John McLaughlin (Mahavishnu Orchestra), Steve Howe (Yes), Ernie Isley (Isley Borthers) e Randy Rhoads (Quiet Riot).

Maestro PS-1A Phase Shifter

Versão francesa

Atualmente a empresa francesa Heptode oferece a sua versão do efeito: o modelo compacto Virtuoso Phase Shafter, que podemos conferir no vídeo abaixo.

Heptode Virtuoso Phase Shifter 

2 comentários:

  1. Matéria nota dez, como esperado!
    Sobre o chorus, eu sempre notei seu uso mais abundante do Farewell pra frente mesmo, mas em muitas músicas eu achava que a sonoridade de chorus se dava pelo duas guitarras do Alex tocando a mesma frase ou solo simultaneamente (o que é uns dos "conceitos" iniciais desse efeito.
    Eu já tentei e é bem legal conseguir se aproximar da sonoridade do chorus dessa forma!

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    1. Oi Rômin, a ideia básica do chorus é mesmo funcionar como um efeito de dobra. Outros efeitos também tem esse objetivo ou ao menos permitem chegar em um resultado similar funcionando de forma mais, ou menos, parecida, como o doubler e o detune. Em breve falaremos mais sobre isso. Mas já é assunto para um outro post... Grande abraço!

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