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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Dumble Overdrive Special (AMPLIFICADORES)

DUMBLE 
OVERDRIVE SPECIAL
(ODS)

cabeçote Overdrive Special by Dumble

O Overdrive Special é certamente o amplificador mais conhecido da marca Dumble. Projetado e feito à mão por Howard Alexander Dumble desde c.1972, o ODS tem sido adotado por alguns dos maiores guitarristas da atualidade. O modelo conta com dois canais: um "limpo", com uma sonoridade inspirada nos amps Fender, da era blackface; e outro "sujo", com múltiplos estágios de ganho, que oferece um som distorcido com bastante sustain.

1983 100w Dumble Overdrive Special demo

O criador

Howard Alexander Dumble nasceu em Bakersfield, na California (EUA), em setembro de 1945. Aos 12 anos começou a construir rádios e aos 16, a tocar guitarra, tendo atuado inclusive como músico de estúdio. Já em 1965, construiu vários amplificadores para a Mosrite, de Semie Moseley, que acabaram sendo utilizados pela banda de rock instrumental The Ventures. Em 1968, Dumble abriu uma oficina de amplificadores em Santa Cruz, na California. Em 1969, ele lançou o seu primeiro amplificador, o Explosion que, mais tarde, se tornaria famoso com o nome de Overdrive Special.

Howard Alexander Dumble

O amplificador

Howard Dumble tem o conhecido hábito de cobrir com epóxi o circuito interno de seus amplificadores, visando evitar assim qualquer tentativa de se fazer uma engenharia reversa dos modelos. O que, no entanto, o tempo mostraria ser uma medida insuficiente...


Praticamente todos os amplificadores ODS apresentam alguma particularidade em seu circuito, tendo sido especialmente customizados para os seus respectivos proprietários. No entanto, podemos dividir as diferentes versões do modelo em 03 grandes categorias, em função da década em que foram fabricados: 1970's, 1980's e 1990's/HRM.

Características básicas:

- Potência: 50 watts (OD-50W) ou 100 watts (OD-100W), com chave para 50 watts;
- Formatos: combo 1x12" ou cabeçote com gabinete 2x12";
- Entradas: possui duas entradas (FET e NOR).


combo Overdrive Special, com falante Altec

- Preamp
  • válvulas do preamp: 03 12AX7
  • possui 02 canais: Preamp ("Clean") e Overdrive
  • muitas unidades contam com a chave Preamp Boost (também acionável via footswitch)
  • chaves Bright (brilho) , Deep (ênfase nos graves) e Rock/Jazz (para sonoridades distintas)
- Preamp channel ("clean" channel)
  • controles de Volume, TrebleMiddle Bass.
- Overdrive channel
  •  controles Ratio (Volume/Content) e Level;
  • as unidades fabricadas na década de 1990 (HRM - "Hot Rodded Marshall"), contam também com uma segunda seção de equalização  pós-drive, interna, ajustável via trimpots.

combo Overdrive Special demo

- Power amp (Master)
  • válvulas de saída: 04 6L6 (em algumas unidades substituídas por vávulas EL34, para uma sonoridade mais british);
  • controles: Master (Volume) - alguns ODS não possuem master volume - e Presence (alguns apresentam um segundo knob Bright próximo ao controle Master)

- Alto-falantes
  •  variam de uma unidade para a outra, podendo ser de diferentes marcas e modelos: Electro-Voice, Altec, Celestion, Eminence, etc.
- Footswitch; contam com footswitch simples, para a seleção do canal a ser usado, ou do tipo 2-way, para o acionamento do preamp boost e seleção do canal do amp (Clean- OD)

Observação: o Overdrive Special originalmente não possui efeitos embutidos (reverb, tremolo...). Nas unidades sem loop de efeitos integrado é recomendado o emprego de um loop de efeitos externo bufferizado (Dumbleator) para que os efeitos tenham um melhor desempenho.

cabeçote Overdrive Special com gabinete 2x12" (vertical)

Usuários famosos

- Ben Harper
- Carlos Santana
- David Lindley (Jackson Browne, Ry Cooder)
- Jay Graydon (Steely Dan, Al Jarreau)
- Joe Bonamassa
- John Mayer
- Keith Urban
- Larry Carlton
- Lowell George
- Robben Ford (1982 #102)
- Steve Lukather

os amps Overdrive Special, de Larry Carlton

Réplicas e modelos de amplificadores baseados no ODS

  • Fuchs Amplification OverDrive Supreme
  • Two-Rock Overdrive Signature
  • Ceriatone Overtone Special
  • Bludotone Bludo-Drive Amplifier
  • Sebago Sound Double Trouble DT-50
  • Welagen Overdrive Special
  • Tony Bruno Custom Amps Super 100
  • TMiranda Overdrive Special 50s
  • Pedrone Overdone Special

Perone Overdone Special demo


Why do you like Dumble amplifiers?
The tone curve is so perfect. The lows are low, but don't get woofy and mushed out; midrange is punchy and very strong; and the high-end is clear and high but not ear-piercing. All the frequencies somehow are just so righteous and very even.
The first Overdrive Special I bought in about 1983, and the other one I had built around '93 or '94.
I've used Celestion 65s as my first choice for many years, but I've experimented with the 70s and 75s, and also Eminence was sending me speakers that I used off and on.

Robben Ford
(em "The One and Only", por Dan Forte, Vintage Guitar Magazine)



terça-feira, 29 de novembro de 2016

Pedais "Dumble-in-a-box" (AMP-IN-A-BOX)


"Dumble-in-a-boxes"

Nos últimos anos uma verdadeira enxurrada de modelos "D-style" tomou conta do mercado de pedais na categoria "amp-in-a-box". De uma forma geral, são modelos que se caracterizam pela capacidade de oferecer desde um som "limpo" - podendo inclusive serem utilizados como clean/preamp booster -, passando por um overdrive de ganho baixo à moderado, até um distortion com bastante corpo e sustain.  Todos tendem a apresentar uma sonoridade dinâmica, bastante responsiva ao toque do instrumentista e relativamente transparente. Abaixo, segue uma seleção de vídeos com 13 dos modelos mais conhecidos para você conferir e escolher o seu preferido!


1) Hermida Audio/ Lovepedal Zendrive (c.2006)

Desenvolvido pelo engenheiro mecânico e projetista de pedais Alfonso Hermida, com a intenção de recriar a sonoridade de Robben Ford e seu Dumble Overdrive Special, o Zendrive foi o pioneiro entre os pedais "D-style". O modelo conta com os controles Vol, Gain, Tone e Voice - que atua simultaneamente sobre as frequências mais graves e o ganho do efeito. Adotado por Kenny Wayne Shepherd, Sonny Landreth (Mark Knopfler), Vince Gill e pelo próprio Robben Ford, que costuma empregá-lo plugado a amps Fender Super Reverb nas apresentações em que não pode levar seu ODS. Também disponível na versão valvulada Zendrive 2.




2) Wampler Ecstasy (2007) / Euphoria (2012) 

Lançado inicialmente com o nome de Ecstasy, o pedal "D-style" de Brian Wampler seria mais tarde rebatizado de Euphoria (aparentemente em função dos direitos da Bogner em relação ao nome Ecstasy). Além dos knobs Volume, GainBass (pré-drive) e Tone (pós-drive), o modelo oferece a chave Voicing, com três modos diferentes de ganho: Smooth (para um drive mais suave), Open (para um overdrive natural, com bastante volume e sem compressão) e Crunch (mais agressivo e comprimido).



3) Custom Tones Ethos Overdrive (c.2007)

Mais do que um "amp-in-a-box", o Ethos Overdrive é essencialmente um pedal preamp. Além de produzir os timbres clássicos dos amplificadores ODS, da Dumble, o modelo oferece inúmeras opções de conexão, podendo ser ligado tanto na entrada do amp de guitarra, quanto no return do loop de efeitos (power amp in) ou em uma D.I., da qual pode seguir para um PC ou para o sistema de P.A. O Ethos Overdrive possui 03 footswitches (Ch Sel, "OD" Boost e Active), 02 canais (clean/OD) com equalização (de 04 bandas), 03 chaves de alternância (com as opções Brite, Modern/Classic e Jazz/Rock) e controles de ganho independentes, além de Boost e Volume para o canal OD, switch GAC (Guitar Amp Compensation), controle lateral HC (Hi-Cut control) e simulador de falantes. A Custom Tones ainda oferece diversas opções de mods para o modelo.




4) Tanabe.tv Zenkudo (2007)

Projetado e feito sob encomenda pelo japonês Toshihiko Tanabe, o Zenkudo conta com os controles Volume, Gain, Tone e Voice, além de uma chave lateral que permite escolher entre os modos Red (Marshall), Blue (Zenkudo) e Green (Dumble), para diferentes opções de timbres. O modelo foi concebido para o uso com guitarras com captadores do tipo humbucker e tem sido adotado por Dave Kilminster (Roger Waters), Henry Kaiser, Larry Carlton e Paul Jackson Jr. (Michael Jackson).




5) Tanabe.tv Dumkudo (c.2009)

Projetado e feito sob encomenda por Toshihiko Tanabe, o Dumkudo é basicamente uma versão com mais ganho do Zenkudo, ideal para guitarras com captadores do tipo single-coil. O modelo oferece controles similares aos do seu antecessor e tem sido usado por David Lindley, Henry Kaiser, Jorma Kaukonen (Jefferson Airplane), Richard Thompson, Robben Ford, Sonny Landreth (Mark Knopfler) e Wayne Krantz (Steely Dan).




6) Shin's Music Dumbloid (c.2012)

Projetado por Shin Suzuki, técnico de amplificadores japonês especialista em amps Dumble. O modelo oferece os controles Drive, Accent, Tone e Vol, além da chave Jazz/Rock. É usado por Brad Paisley, Joss Smith, Melissa Etheridge, Orianthi e Richie Sambora (Bon Jovi). 



7) Mooer Audio MOD2 Rumble Drive (2012)

Trata-se de um minipedal de baixo custo, porém bastante eficiente. Oferece um overdrive responsivo à dinâmica do instrumentista e com sonoridade bem aberta. Inclui os controles Gain, Tone, Voice e Volume.



8) Van Weelden Amplification Royal Overdrive (2013)

Pedal concebido e fabricado pelo projetista holandês Peter Van Weelden, especialista em amps Dumble. Apresenta os controles Gain, Treble, Middle, Bass, Presence e Gain, as chaves Gain Boost, Bright (03 posições) e Mode (02 posições) e dois footswitches On/Off e Mid Boost. As chaves Bright e Mode devem ser usadas em conjunto para fazer a compensação da equalização, propiciando o casamento adequado do pedal com o amp a ser utilizado (sistema "amp friendly").



9) Mad Professor Simble (2014)

Projetado na Finlândia, por Lassi Ukkonen, guru de amps local, em colaboração com a Mad Professor, o Simble possui os controles Level (volume), Sensitivity (controle de ganho e compressão), Accent (ajusta a sensibilidade ao toque e o brilho, pré-drive) e Contour (controle de brilho pós-drive).



10) Jetter Gear GS 124 (2014)

O GS 124, da Jetter Gear, não é um pedal que tenta reproduzir de forma genérica o som básico de diferentes ODS, da Dumble. Este modelo, na verdade, procura recriar detalhadamente a sonoridade de um ODS em especial, o de número #124. O modelo conta com 03 controles básicos: Level (volume), Drive (ganho) e Contour (tonalidade).




11) Hotone Audio Grass (2015)

Outro modelo de baixo custo no formato de minipedal. Integra a série Skyline, da Hotone. Conta com os controles Volume, Gain  e Voice, além da chave BRT (Bright)



12) J. Rockett Audio Designs The Dude (2015)

O Dude é o pedal "D-style" da J. Rockett Audio Designs, empresa de Chris Van Tassel, Jay Rockett e Ron Hahn. O modelo apresenta os controles Level (clean boost), Ratio (gain vs. boost), Treble (controle de agudos) e Deep  (controle de médios).



13) MXR Custom Shop CSP035 Shin-Juku Drive (2016)

Fruto de uma colaboração entre a equipe da MXR Custom Shop e o técnico de amplificadores/projetista de pedais japonês Shin Suzuki (lembra do Dumbloid, mencionado anteriormente?) , o Shin-Juku Drive apresenta os knobs Gain, Tone e Output, além do switch Dark, que possibilita o corte das frequências mais altas.




quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Foxx Tone Machine e modelos derivados (FUZZ/FUZZ OITAVADOR)

fOXX
TONE MACHINE
e modelos derivados

Foxx Tone Machine
História

O fuzz oitavador Tone Machine foi construído pelo projetista norte-americano Steve Ridinger (atual presidente da Danelectro), quando este tinha apenas 19 anos, e lançado sob a marca Foxx (propriedade da Ridinger Associates), em 1971. Apesar do sucesso do Tone Machine, a Foxx sairia do mercado em 1975, o que acabou transformando o modelo em um item altamente colecionável pelos aficcionados por pedais de efeito.

Além da Foxx, o Tone Machine também foi comercializado sob as marcas Ibanez e Turtle, e com outros nomes pelas marcas Nashville (Fuzzer), Paraclete Productions (Fuzz Sustain) e Emmons (Fuzz Machine).
 Tone Machine, da Ibanez

O circuito original do modelo utiliza 04 diodos de germânio (1N34A) e 04 transistores de silício (2N3565). O efeito de fuzz produzido é bastante encorpado e agressivo. Diferentemente de alguns concorrentes, o Tone Machine não é tão responsivo ao controle de volume da guitarra. Porém, seu efeito de oitava acima é bastante consistente, não apenas na região mais alta da escala e nas cordas mais agudas, mas em todas as regiões do instrumento.


Controles

O Tone Machine apresenta os seguintes controles:

footswitch on/off  para acionamento do efeito e bypass.

knobs:
Volume - controle de volume.
Sustain - ajusta a quantidade de ganho do efeito.
Fuzz Mellow-Brite - controle de tonalidade do efeito.

switch:
Octive (Octave) Sustain - permite escolher entre os efeitos de fuzz convencional e fuzz com oitava acima.

O Tone Machine foi comercializado em diversas cores: azul, vermelho, amarelo, púrpura, preto e verde.

Usuários famosos

Adam Jones (Tool)
Adrian Belew (King Crimson)
Andrew Stockdale (Wolfmother)
Beck
Billy F. Gibbons (ZZ Top)
Brian Ray (Paul McCartney)
Garry Shider (Parliament-Funkadelic)
Lyle Workman (Beck)
Matthew Bellamy (Muse)
Paulinho Guitarra (Tim Maia)
Peter Frampton
Robert Fripp (King Crimson)
Trent Reznor (Nine Inch Nails)


Modelos derivados

Vários fabricantes têm lançado versões baseadas no Tone Machine. Entre elas, destaque para os modelos:

Experience

Prescription Electronics Experience

Lançado em 1993, pela Prescription Electronics, o Experience apresenta 03 footswitches: um para acionar o efeito de fuzz, outro para acrescentar o efeito de oitava acima e um terceiro para o acionamento do efeito de auto volume (swell). É usado por Doyle Bramhall II, Eric Johnson, Gary Clark Jr., PJ Harvey, Roberto Frejat e Steve Vai.







Way Huge Piercing Moose Octifuzz
Piercing Moose

Lançado nos anos 1990, pela Way Huge Electronics, de Jeorge Tripps, o Piercing Moose apresenta um footswitch que permite o acionamento do efeito de oitava acima, ao invés da chave presente no Tone Machine, e LED indicador de status. O modelo é usado por Danny Lohner (Nine Inch Nails).

veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=9FFdhTI9yT0





           Fulltone Ultimate Octave
Ultimate Octave

Versão modificada do Tone Machine, lançada em 1996, pela Fulltone. Diferentemente do modelo no qual se baseia, o Ultimate Octave apresenta um footswitch adicional para acrescentar o efeito de oitava acima ao efeito de fuzz, além de um switch que permite escolher entre dois timbres distintos, com mais, ou menos, médios, recurso similar àquele encontrado no modelo Super-Fuzz e seus derivados. Nas primeiras versões, não contava com LED's, posteriormente seria instalado um LED indicador de status para cada footswitch. É usado por Andy Summers (The Police), Billy Brandão (Frejat), Billy Gibbons (ZZ Top), Joe Perry (Aerosmith), Joe Satriani, Josh Homme (Queens of the Stone Age), Lúcio Maia (Nação Zumbi), Omar Rodríguez-Lopez (The Mars Volta), Robbie Macintosh (John Mayer), Scott Henderson e Steve Vai.

veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=cGnZGsuCRQ0



Danelectro DJ-13 French Toast
French Toast

Lançada em 1999, a série de minipedais da Danelectro inclui o modelo French Toast, que  é basicamente uma versão de baixo custo do Tone Machine original. O modelo não oferece true bypass, nem LED indicador de status.

veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=JjrkhXFPMuU






MXR CSP203 La Machine

La Machine
                                                     
Lançado em 2013, pela MXR Custom Shop, o La Machine foi totalmente baseado no Tone Machine, exceto pelo design e tamanho reduzido, mais adequado a um pedalboard. Apresentando, como o modelo original, 03 knobs e 01 switch, o modelo oferece bypass verdadeiro e LED indicador de status.

veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=5ScgL4alyNU




Discografia selecionada




"Dig What I Say" (Breaking All the Rules, 1981), Peter Frampton


"Big Electric Cat" (Lone Rhino, 1982), Adrian Belew


"Of Bow and Drum" (Op Zop Too Wah, 1996), Adrian Belew


"Dusted" (Mescalero, 2003), ZZ Top


"Solution" (Thank You MrChurchill, 2010), Peter Frampton - a música começa em 4:05



Para maiores detalhes técnicos sobre o Tone Machine recomendo o link:

um raro "Stars and Stripes" Tone Machine

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Os pedais de fuzz de Roger Mayer (FUZZ)


OS FUZZES DE ROGER MAYER

Roger Mayer

Se você é guitarrista e, principalmente, gosta de fuzz, provavelmente já ouviu falar no nome de Roger Mayer. Não, não é John Mayer! É R-O-G-E-R Mayer.

Mayer foi um dos primeiros projetistas ingleses a desenvolver pedais de fuzz, ainda em 1964. E não foi para qualquer um não...foi para Jimmy Page, então um requisitado guitarrista de estúdio, que em breve entraria para os Yardbirds, banda que integrou antes de formar o Led Zeppelin. O pedal desenvolvido por Mayer na época seria adotado também por outros guitarristas de renome, como Big Jim Sullivan, outro famoso guitarrista de estúdio, e Jeff Beck, guitarrista dos Yardbirds.

A história conta que Page teria pedido a Mayer que fizesse um pedal de fuzz baseado no som de guitarra distorcida que ouvira no single "The 2,000 Pound Bee (Part 1 & 2)", de 1962, da banda norte-americana de rock instrumental The Ventures. Ambos achavam que tratava-se de um Maestro Fuzz-Tone quando, na verdade, o modelo utilizado na gravação da faixa foi um fuzzbox feito à mão pelo técnico em eletrônica e guitarrista de steel Orville "Red" Rhodes, que nunca chegaria a ser lançado comercialmente.

"The 2,000 Pound Bee (parts 1 & 2)" - The Ventures

Em 1967, aos 21 anos, Roger conheceu Jimi Hendrix na Bag O'Nails, uma casa noturna de Londres onde o músico estava se apresentando, apenas alguns meses depois do lançamento do single "Hey Joe", ainda durante o período de finalização de seu primeiro álbum, Are You Experienced. Foi quando o jovem engenheiro do Admiralty Research Laboratories aproveitou a oportunidade para falar de sua colaboração com os guitarristas dos Yardbirds (a dupla Beck e Page). Jimi, que conhecia bem o trabalho da banda, acabou então convidando-o para auxiliá-lo em seu próprio trabalho, ajudando na busca por timbres mais consistentes e customizando os efeitos que ajudariam a transformar em realidade os sons que ele tinha em mente. De cara, Hendrix resolveu adotar o inovador Octavia, um fuzz oitavador desenvolvido por Mayer, na gravação dos solos e overdubs de "Purple Haze" e "Fire", executados com uma Fender Telecaster, que pertencia a Noel Redding. 

Roger Mayer também viria a trabalhar com vários outros grandes artistas ao longo do tempo, entre eles Isley Brothers, Bob Marley e Stevie Wonder.

da esquerda para a direita: Roger Mayer, Mitch Mitchell, Jimi Hendrix e Noel Redding

Durante a sua carreira, Roger Mayer desenvolveu uma extensa lista de modelos, dos variados tipos de efeitos (não apenas fuzzes) que inclui, entre outros, o pedal de vibe Voodoo Vibe, o já citado fuzz oitavador Octavia (sua criação mais famosa), o treble booster Concorde+, o overdrive-distortion Voodoo-1, o pedal de wah Bel Air Wah e os simuladores de amplificadores da série Amp+.

Diversos modelos encontram-se disponíveis em diferentes formatos, correspondentes às séries Voodoo, X-Factor, Vision, Rocket FX, Classic, TC e Synergy. 

X-Factor series (na fileira de cima)/ Voodoo series (na fileira de baixo)
Vision series
Rocket FX series

Classic series

Voodoo TC series

Synergy series

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FUZZES

Neste artigo destacaremos 06 pedais de fuzz desenvolvidos por Roger Mayer, incluindo tanto os modelos com sonoridade vintage (Page-1, Classic Fuzz e Axis Fuzz), quanto os modelos com sonoridade mais moderna (Mongoose Fuzz, Stone Fuzz e Spitfire Fuzz).


Page-1 
"1964-2004"

É uma reedição do primeiro pedal de fuzz feito por Roger Mayer, em 1964, a pedido de Jimmy Page. O modelo original (chamado por alguns de "Mayer-1") teria sido um dos pedais de fuzz utilizados por Page antes de formar o Led Zeppelin. O modelo também foi usado por outros guitarristas de seu círculo, como Jeff Beck e Big Jim Sullivan. O Page-1 utiliza transistores de germânio selecionados (02 AC128) e, segundo seu criador, apresenta a mesma seção de ganho do projeto original. A reedição conta com a adição de um controle de tonalidade (fatness), além de oferecer a opção de três saídas (multi-mode outputs) - uma com hardwire bypass e outras duas com bypass bufferizado. O modelo também encontra-se disponível em um formato menor,  na versão Page-1 Classic.

Page-1

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Classic Fuzz

É basicamente um Fuzz Face de germânio "turbinado" com as mesmas modificações que Mayer costumava fazer nos fuzzes de germânio de Jimi Hendrix. Tais modificações tem como objetivo tornar a unidade mais estável, evitando interferências de rádio, oscilações das frequências mais altas e problemas decorrentes de variações na temperatura. A sonoridade do modelo, segundo Mayer, é a que podemos ouvir nas primeiras gravações clássicas de Hendrix. O modelo emprega transistores de germânio PNP especialmente selecionados, do mesmo tipo que os utilizados nas versões usadas por Hendrix. O Classic Fuzz pode ser encontrado nas versões Rocket e X-Factor. O modelo é usado, entre outros,  por Roberto Frejat.

Classic Fuzz

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Axis Fuzz

O Axis Fuzz foi desenvolvido originalmente em 1967, visando ampliar ainda mais a paleta sonora de Jimi Hendrix. O modelo foi assim batizado por ter sido usado primeiramente no álbum Axis: Bold as Love. Depois ele viria a ser utilizado também no disco ao vivo Band of Gypsys e em outras gravações da fase final da carreira de Hendrix. Apesar de ser um fuzz de silício, o pedal apresenta uma boa responsividade aos ajustes de volume do instrumento, permitindo "limpar" o som apenas reduzindo-se o ajuste do controle de volume da guitarra. Seu circuito utiliza transistores de silício NPN e PNP e o modelo é configurado para se manter estável mesmo com variações de temperatura, bem como evitar as indesejáveis interferências de rádio. O Axis Fuzz possui um volume de saída maior e oferece mais sustain que o Classic Fuzz. Na versão Axis TC, apresenta uma seção de EQ pós-fuzz, visando aumentar a flexibilidade do modelo. É usado por guitarristas como Barrie Cardogan (Primal Scream) e Kevin Shields (My Bloody Valentine).

Axis Fuzz


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Mongoose Fuzz

Foi desenvolvido em 1985, com a ideia de ser um modelo com som mais pesado e encorpado, que oferecesse também um sustain mais prolongado. Apresenta bastante graves, tendo um som mais fechado que o Spitfire Fuzz, por exemplo. Por vezes pode soar como se estivesse combinado com um wah fixo, apresentando uma sonoridade mais moderna e focada que os modelos Axis Fuzz e Classic Fuzz. É usado por Bono Vox (U2) e Joe Perry (Aerosmith). Está disponível nas versões X-Factor, Rocket e TC.

Mongoose Fuzz

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Stone Fuzz

Pode ser descrito como uma evolução dos modelos utilizados por Hendrix, oferecendo mais ganho sem perder a responsividade ao controle de volume do instrumento. É essencialmente um fuzz de alto ganho, mas com baixo nível de ruído. Disponível nas versões Rocket e X-Factor.

Stone Fuzz

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Spitfire Fuzz

É o modelo mais recente da série Rocket e oferece um fuzz/distortion de alto ganho, projetado para produzir um som inspirado na distorção tipicamente produzida por válvulas do tipo triodo. Apresenta um circuito original, que não foi inspirado em nenhum modelo clássico já produzido. Oferece excelente tocabilidade, respondendo especialmente bem à dinâmica do instrumentista. Disponível nas versões Rocket, X-Factor e TC.

Spitfire Fuzz


Para conhecer detalhes dos modelos citados e outros projetos desenvolvidos por Roger Mayer acesse o link abaixo:
http://www.roger-mayer.co.uk/visionseries.htm

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

"Fool in the Rain" - Discografia selecionada (FUZZ OITAVADOR)

"Fool in the Rain"
(In Through the Out Door - Led Zeppelin)




Composta por John Paul Jones, em parceria com Jimmy Page e Robert Plant, "Fool in the Rain" foi lançada como single do oitavo álbum de estúdio do Led Zeppelin, In Through the Out Door, de 1979. A canção atingiria o 21º lugar das paradas da Billboard em fevereiro de 1980.

Blue Box

Em 3:52, Jimmy Page inicia seu solo, usando pela primeira vez numa faixa do Led Zeppelin um fuzz suboitavador. O modelo utilizado seria um M-103 Blue Box, lançado por volta de 1973, pela MXR. O efeito adiciona o intervalo de duas oitavas abaixo ao som tradicional de fuzz, criando uma sonoridade que remete à de um sintetizador analógico.

Segundo Richard Neatrour, um engenheiro da MXR, o som do Blue Box teria sido inspirado na faixa "Frankenstein" (They Only Come Out At Night, 1972), do Edgar Winter Group - 1º lugar na Billboard, em 1973.

canal no YouTube: EDGARWINTERVEVO

O solo de "Fool in the Rain" se tornaria um dos muitos momentos memoráveis de Page, neste caso, devido em parte à sua capacidade de explorar sonoridades menos convencionais, pouco empregadas pelos guitarristas da época.

Para ouvir "Fool in the Rain" clique no vídeo abaixo:



domingo, 4 de setembro de 2016

Fuzzes Suboitavadores (FUZZ OITAVADOR)

SUB-OCTAVE FUZZES


M-103 Blue Box

Pedais de fuzz oitavador são aqueles que permitem adicionar intervalo(s) de oitava(s) ao som do fuzz.

Quanto ao intervalo de oitava a ser adicionado, podemos classificar os fuzzes oitavadores como sendo, basicamente, de dois tipos:

- Fuzzes com oitava acima ("octave-up fuzzes"). Exemplos: Octavia, Super-Fuzz, Tone Machine, etc.
- Fuzzes com oitava abaixo ("sub-octave fuzzes"). Exemplos: Blue Box, Roctave Divider, Perseus...


Fuzz com oitava abaixo

Os fuzzes suboitavadores ainda são menos populares e, portanto, um pouco mais difíceis de achar que os fuzzes com oitava acima.

Na prática, o efeito de fuzz com oitava abaixo (também conhecido como "octave-down fuzz") pode ser obtido de três formas:

- com o emprego de um fuzz suboitavador, como os modelos citados neste post, logo abaixo;

- com o uso de um pedal oitavador com fuzz integrado, ou seja, um oitavador que possua uma seção ou controle de saturação. Como o Boss OC-3 Super Octave e o Red Witch Zeus Bass Fuzz Suboctave;

- combinando duas unidades distintas: como, por exemplo, um oitavador (ou pitch shifter) somado a um fuzz. Exemplos: Big Muff Pi + Whammy 4 /  FZ-3 FuzzOC-2 Octaver.


Parâmetros básicos

Os controles mais comumente encontrados em pedais de fuzz suboitavadores são:

- VOLUME (OUTPUT): controla o volume de saída do efeito;

- BLEND (MIX): permite adicionar ao efeito de fuzz o som de 1, 2 ou 3 oitavas abaixo, dependendo do modelo. O som de oitava pode ser mixado na medida desejada, assim como o som originalmente executado, ambos processados pelo efeito de fuzz. Alguns modelos permitem que o som oitavado seja eliminado por completo, podendo atuarem também como um fuzzes convencionais;

- TONE: controle de tonalidade do efeito. Dependendo do projeto pode ser um filtro do tipo "hi cut" ou "low cut", ou ainda se dividir em controles independentes de graves (BASS) e agudos (TREBLE);

- CHAVE DE OITAVAS: modelos que oferecem a opção de diferentes oitavas abaixo, geralmente apresentam uma chave que possibilita a seleção do intervalo desejado (uma, duas ou três oitavas abaixo do som original).

- FUZZ (BUZZ/ GAIN): alguns modelos oferecem um controle ou seção extra de ganho, que permite aumentar ou diminuir a intensidade do efeito de fuzz.



Exemplos de fuzzes suboitavadores

Fuzz com 01 oitava abaixo:

Line 6 Sub Octave Fuzz (2000): efeito digital inspirado no PAiA Roctave Divider e lançado como um dos modelos presentes no modelador de distorção DM4. Diferentemente do pedal no qual foi baseado, o Sub Octave Fuzz possibilita apenas a adição do intervalo de 01 oitava abaixo ao efeito de fuzz. Esse modelo também pode ser encontrado nos multiefeitos M5M9 e M13. Opções similares podem ser encontradas em outros mutliefeitos da própria Line 6 ou de outros fabricantes.

DM4 Distortion Modeler



Fuzz com até 02 oitavas abaixo:

M-103 Blue Box


MXR M-103 Blue Box (c.1973): um dos modelos mais famosos de fuzz suboitavador, o Blue Box foi usado por Jimmy Page na faixa "Fool in the Rain", do Led Zeppelin. O pedal apresenta apenas dois controles - output (volume) e blend (para dosar o efeito de 02 oitavas abaixo que é adicionado ao fuzz). As primeiras unidades comercializadas não possuíam LED de status.






5760 Roctave Divider


- PAiA 5760 Roctave Divider (c.1985): parte integrante da série PAiA 5700 de efeitos para guitarra, projetada por Craig Anderton, o Roctave Divider foi lançado em meados dos anos 1980. O modelo apresenta os controles fund level (fuzz sem efeito de oitava), tone, level÷2 (adiciona ao fuzz o intervalo de 01 oitava abaixo) e level ÷4 (adiciona o intervalo de 02 oitavas abaixo). Não possui LED indicador de acionamento.





FX33 Buzz Box



DOD FX33 Buzz Box (1994): baseado no Blue Box, da MXR, o Buzz Box acrescenta um controle de ganho (buzz) e outro de tonalidade (saw) ao modelo original.  Também conta com os knobs  heavy (adiciona o intervalo de 02 oitavas abaixo) e thrust (volume). Foi usado pelo guitarrista Wes Borland (Limp Bizkit).







Glitch Computer

Mid-Fi Electronics Glitch Computer (c.2005): apresenta os controles volumeblend (adiciona o intervalo de 02 oitavas abaixo) e tracking (permite ajustar a "qualidade" do tracking de oitava, intencionalmente do tipo lo-fi), que também  possibilita ao modelo atuar como uma espécie de "arpejador aleatório".




Robot Devil



Dwarfcraft Devices Robot Devil (c.2009): também projetado para produzir sons resultantes de um tracking de oitava de baixa qualidade, o Robot Devil apresenta os controles octave (para o efeito de suboitava), dirt (ganho) e starve (adiciona ruídos malucos e oscilação rítmica às notas). O pedal conta com dois footswitches, um para o acionamento do pedal e outro para ativar o efeito de oitava abaixo. Foi usado pelo baixista Juan Alderete (The Mars Volta).






Perseus


- Catalinbread Perseus Sub-Octave Fuzz (c.2010): projetado por Howard Gee, o Perseus apresenta os controles volume, cut e blend (mixa o efeito de  01 ou 02 oitavas abaixo com o efeito de fuzz), além de uma chave de 02 posições que seleciona o intervalo de 01 (-I) ou 02 (-II) oitavas abaixo.









Fuzz com até 03 oitavas abaixo:

- Cusack Music SubFuzz Sub-Octave Fuzz (c.2010): apresenta os controles volume, tone, mix (permite mixar o efeito de oitava abaixo selecionado na medida desejada) e fuzz (aciona um segundo circuito de fuzz instalado na seção de saída do pedal) e uma chave de três posições que permite selecionar o intervalo a ser adicionado entre 1, 2 ou 3 (!) oitavas abaixo.




Dicas

- O efeito de fuzz com oitava abaixo é muito usado para tentar reproduzir sons de sintetizadores vintage;

- A maioria dos projetos tende a apresentar um melhor tracking quando o captador do braço é utilizado e com o controle de tonalidade zerado, principalmente em trechos executados a partir da décima-segunda casa;

- Eventualmente, reduzir um pouco o controle de volume também pode ajudar a obter um melhor tracking de oitava;

- Se a intenção for obter sons de oitava "falhando" (glitchy sounds), o mais indicado será selecionar o captador da ponte mantendo o controle de tonalidade totalmente aberto.


Veja Matthew Bellamy (Muse) experimentando um MXR Blue Box
no making of de "MK Ultra", a partir de 2:13.