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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Os pedais de fuzz de Roger Mayer (FUZZ)


OS FUZZES DE ROGER MAYER

Roger Mayer

Se você é guitarrista e, principalmente, gosta de fuzz, provavelmente já ouviu falar no nome de Roger Mayer. Não, não é John Mayer! É R-O-G-E-R Mayer.

Mayer foi um dos primeiros projetistas ingleses a desenvolver pedais de fuzz, ainda em 1964. E não foi para qualquer um não...foi para Jimmy Page, então um requisitado guitarrista de estúdio, que em breve entraria para os Yardbirds, banda que integrou antes de formar o Led Zeppelin. O pedal desenvolvido por Mayer na época seria adotado também por outros guitarristas de renome, como Big Jim Sullivan, outro famoso guitarrista de estúdio, e Jeff Beck, guitarrista dos Yardbirds.

A história conta que Page teria pedido a Mayer que fizesse um pedal de fuzz baseado no som de guitarra distorcida que ouvira no single "The 2,000 Pound Bee (Part 1 & 2)", de 1962, da banda norte-americana de rock instrumental The Ventures. Ambos achavam que tratava-se de um Maestro Fuzz-Tone quando, na verdade, o modelo utilizado na gravação da faixa foi um fuzzbox feito à mão pelo técnico em eletrônica e guitarrista de steel Orville "Red" Rhodes, que nunca chegaria a ser lançado comercialmente.

"The 2,000 Pound Bee (parts 1 & 2)" - The Ventures

Em 1967, aos 21 anos, Roger conheceu Jimi Hendrix na Bag O'Nails, uma casa noturna de Londres onde o músico estava se apresentando, apenas alguns meses depois do lançamento do single "Hey Joe", ainda durante o período de finalização de seu primeiro álbum, Are You Experienced. Foi quando o jovem engenheiro do Admiralty Research Laboratories aproveitou a oportunidade para falar de sua colaboração com os guitarristas dos Yardbirds (a dupla Beck e Page). Jimi, que conhecia bem o trabalho da banda, acabou então convidando-o para auxiliá-lo em seu próprio trabalho, ajudando na busca por timbres mais consistentes e customizando os efeitos que ajudariam a transformar em realidade os sons que ele tinha em mente. De cara, Hendrix resolveu adotar o inovador Octavia, um fuzz oitavador desenvolvido por Mayer, na gravação dos solos e overdubs de "Purple Haze" e "Fire", executados com uma Fender Telecaster, que pertencia a Noel Redding. 

Roger Mayer também viria a trabalhar com vários outros grandes artistas ao longo do tempo, entre eles Isley Brothers, Bob Marley e Stevie Wonder.

da esquerda para a direita: Roger Mayer, Mitch Mitchell, Jimi Hendrix e Noel Redding

Durante a sua carreira, Roger Mayer desenvolveu uma extensa lista de modelos, dos variados tipos de efeitos (não apenas fuzzes) que inclui, entre outros, o pedal de vibe Voodoo Vibe, o já citado fuzz oitavador Octavia (sua criação mais famosa), o treble booster Concorde+, o overdrive-distortion Voodoo-1, o pedal de wah Bel Air Wah e os simuladores de amplificadores da série Amp+.

Diversos modelos encontram-se disponíveis em diferentes formatos, correspondentes às séries Voodoo, X-Factor, Vision, Rocket FX, Classic, TC e Synergy. 

X-Factor series (na fileira de cima)/ Voodoo series (na fileira de baixo)
Vision series
Rocket FX series

Classic series

Voodoo TC series

Synergy series

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FUZZES

Neste artigo destacaremos 06 pedais de fuzz desenvolvidos por Roger Mayer, incluindo tanto os modelos com sonoridade vintage (Page-1, Classic Fuzz e Axis Fuzz), quanto os modelos com sonoridade mais moderna (Mongoose Fuzz, Stone Fuzz e Spitfire Fuzz).


Page-1 
"1964-2004"

É uma reedição do primeiro pedal de fuzz feito por Roger Mayer, em 1964, a pedido de Jimmy Page. O modelo original (chamado por alguns de "Mayer-1") teria sido um dos pedais de fuzz utilizados por Page antes de formar o Led Zeppelin. O modelo também foi usado por outros guitarristas de seu círculo, como Jeff Beck e Big Jim Sullivan. O Page-1 utiliza transistores de germânio selecionados (02 AC128) e, segundo seu criador, apresenta a mesma seção de ganho do projeto original. A reedição conta com a adição de um controle de tonalidade (fatness), além de oferecer a opção de três saídas (multi-mode outputs) - uma com hardwire bypass e outras duas com bypass bufferizado. O modelo também encontra-se disponível em um formato menor,  na versão Page-1 Classic.

Page-1

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Classic Fuzz

É basicamente um Fuzz Face de germânio "turbinado" com as mesmas modificações que Mayer costumava fazer nos fuzzes de germânio de Jimi Hendrix. Tais modificações tem como objetivo tornar a unidade mais estável, evitando interferências de rádio, oscilações das frequências mais altas e problemas decorrentes de variações na temperatura. A sonoridade do modelo, segundo Mayer, é a que podemos ouvir nas primeiras gravações clássicas de Hendrix. O modelo emprega transistores de germânio PNP especialmente selecionados, do mesmo tipo que os utilizados nas versões usadas por Hendrix. O Classic Fuzz pode ser encontrado nas versões Rocket e X-Factor. O modelo é usado, entre outros,  por Roberto Frejat.

Classic Fuzz

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Axis Fuzz

O Axis Fuzz foi desenvolvido originalmente em 1967, visando ampliar ainda mais a paleta sonora de Jimi Hendrix. O modelo foi assim batizado por ter sido usado primeiramente no álbum Axis: Bold as Love. Depois ele viria a ser utilizado também no disco ao vivo Band of Gypsys e em outras gravações da fase final da carreira de Hendrix. Apesar de ser um fuzz de silício, o pedal apresenta uma boa responsividade aos ajustes de volume do instrumento, permitindo "limpar" o som apenas reduzindo-se o ajuste do controle de volume da guitarra. Seu circuito utiliza transistores de silício NPN e PNP e o modelo é configurado para se manter estável mesmo com variações de temperatura, bem como evitar as indesejáveis interferências de rádio. O Axis Fuzz possui um volume de saída maior e oferece mais sustain que o Classic Fuzz. Na versão Axis TC, apresenta uma seção de EQ pós-fuzz, visando aumentar a flexibilidade do modelo. É usado por guitarristas como Barrie Cardogan (Primal Scream) e Kevin Shields (My Bloody Valentine).

Axis Fuzz


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Mongoose Fuzz

Foi desenvolvido em 1985, com a ideia de ser um modelo com som mais pesado e encorpado, que oferecesse também um sustain mais prolongado. Apresenta bastante graves, tendo um som mais fechado que o Spitfire Fuzz, por exemplo. Por vezes pode soar como se estivesse combinado com um wah fixo, apresentando uma sonoridade mais moderna e focada que os modelos Axis Fuzz e Classic Fuzz. É usado por Bono Vox (U2) e Joe Perry (Aerosmith). Está disponível nas versões X-Factor, Rocket e TC.

Mongoose Fuzz

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Stone Fuzz

Pode ser descrito como uma evolução dos modelos utilizados por Hendrix, oferecendo mais ganho sem perder a responsividade ao controle de volume do instrumento. É essencialmente um fuzz de alto ganho, mas com baixo nível de ruído. Disponível nas versões Rocket e X-Factor.

Stone Fuzz

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Spitfire Fuzz

É o modelo mais recente da série Rocket e oferece um fuzz/distortion de alto ganho, projetado para produzir um som inspirado na distorção tipicamente produzida por válvulas do tipo triodo. Apresenta um circuito original, que não foi inspirado em nenhum modelo clássico já produzido. Oferece excelente tocabilidade, respondendo especialmente bem à dinâmica do instrumentista. Disponível nas versões Rocket, X-Factor e TC.

Spitfire Fuzz


Para conhecer detalhes dos modelos citados e outros projetos desenvolvidos por Roger Mayer acesse o link abaixo:
http://www.roger-mayer.co.uk/visionseries.htm